sábado, 10 de setembro de 2016

9 DICAS ESPECIAIS PARA CONTAR HISTÓRIAS

DICAS ESPECIAIS PARA CONTAR HISTÓRIAS

Contar histórias para crianças é tão importante para a sua formação que diversas pesquisas apontam para resultados surpreendentes dessa prática. Nos Estados Unidos pediatras passaram a receitar a narração de histórias e poesias até para bebês no útero! Professores precisam trabalhar o mergulho na magia das histórias com suas crianças.

Mas é preciso ser profissional ou ter esse dom?



Contar histórias é uma das artes da palavra.

Muitos contadores usam a própria experiência e intuição para transmitir o que viveram.

Outros buscam aprendizados para desenvolver sua arte. Leem muito, estudam a língua e, às vezes aprofundam-se nas técnicas de representação. Os atores que encenam histórias, o fazem com um texto formatado, independente do tipo de plateia presente. Já o contador precisa levar em conta a presença e a personalidade de sua audiência.

Apesar da carência na formação de alguns professores, podemos seguir alguns conselhos preciosos dos especialistas desse oficio, exercitar e desenvolver um jeito prazeroso e nosso de proporcionar vivências tão fundamentais para o universo infantil.

Vamos lá?

1.  Escolha das histórias

Os livros e histórias sugeridos pelas crianças são um passo em direção a uma plateia interessada. Mas selecionar histórias que despertem a vontade de contar no contador é importante para o bom resultado final. Quando uma história se conecta com que vai conta-la ela passa a ser interiorizada e sentida como pertencente!

Para crianças menores, de 1 a 2 anos, ou para introduzir o grupo no mundo das histórias, é importante selecionar livros com histórias e ilustrações de boa qualidade. Histórias com textos que se repetem favorecem a compreensão.  As crianças gostam especialmente de  histórias de animais.

2.  Conhecer  para narrar

Às vezes temos que pegar um livro novo e contar de supetão para a turma, sem mesmo tê-lo lido ou folheado. Essa forma de contar histórias geralmente traz insegurança para quem conta e nem sempre prende a audiência. Mas acontece!

Se pudermos nos preparar para o momento, os resultados serão infinitamente melhores. Ler o livro ou história com antecedência, praticar a narração e pensar nos momentos chave ampliam a experiência. Vale também fazer uma possível “tradução” de partes complicadas para a faixa etária, programar cenas com a participação dos pequenos e organizar  materiais que podem enriquecer a narrativa.

Não é necessário decorar a história. Aliás, quando disponível, o livro deve estar presente para se fazer ver e reconhecer pelas crianças. Ao final da narrativa, deixe os pequenos manusearem o livro e incentive conversas e o reconto por parte deles.

Após um período de ambientação com a leitura e contação, à medida que os pequenos vão ampliando o vocabulário e ficando mais entusiasmados e concentrados, as histórias selecionadas podem ser mais longas e complexas.

3.  Espaço

A escolha e organização do espaço físico para o momento de ouvir histórias é relevante.


Algumas questões podem encaminhar a decisão:
  • O local favorece o conforto das crianças?
  • É possível falar e ser ouvido com clareza, sem a interferência de barulhos?
  • O ambiente inspira? (disponibiliza almofadas, sofás, colchonetes, bebê conforto, a sombra de uma árvore, um pano para colher o grupo ao sentar-se sobre ele…).
Posicionar os pequenos em semicírculo pode favorecer as relações e os momentos de participação e diálogo durante o desenvolvimento da história. Outra dica é ficar próximo aos pequenos e posicionar-se distante de espelhos e janelas para não dividir atenções.

Todos devem poder visualizar o livro, quando utilizado, e as figuras.  A capa, o título e o autor podem ser apresentados no início.

4.   Materiais

A roupa do contador pode sinalizar o momento específico de entrar no universo das histórias. Escolher um chapéu, uma varinha de condão, uma capa, pode criar um ritual para marcar a atividade.



Pequenos objetos sonoros utilizados pelo contador também podem contribuir com pausas e momentos encantados, dramáticos etc.

Distribuir objetos sonoros para as crianças utilizarem em algumas cenas (imitar o barulho de tempestades, brigas, músicas de festas etc.) compartilha a atuação e estimula a atenção e a participação.

Bonecos, fantoches e dedoches também são acessórios interessantes.

5.  Olhar

É muito importante olhar nos olhos de quem ouve as histórias, valorizando o grupo e cada um individualmente. É esse olhar que captura a audiência e capta os sinais de como a narração está sendo recebida.

Quando utilizar bonecos e fantoches, eles também precisam “olhar” para a audiência.

6.  Voz, Gestos e Expressões

A dica importante é ser bem claro ao pronunciar as palavras. Pensar também no ritmo da contação. Se for muito lento e com pausas prolongadas a audiência se dispersa. Se for muito rápido, especialmente para os menores, as crianças não conseguem acompanhar o enredo.

Por outro lado, algumas passagens especiais da história podem ser narradas mais lentamente, com certa dramatização, gestos e até pausas para dar mais impacto às cenas.


Elementos expressivos como imitação de vozes de personagens, ruídos de animais, barulhos, expressões faciais e gestos das mãos empregadas, na hora certa, fazem a diferença.

7.  Dialogar

Abrir o espaço e o tempo da contação com um diálogo sobre o autor, ou o tema ou até uma pequena introdução que se conecta o projeto da turma pode situar as crianças e capturar o interesse.

8.  Envolvimento do grupo

Nem todas as crianças de um grupo estão na mesma sintonia, disposição e estágio de desenvolvimento. Ao introduzir o momento de histórias e leitura, prepare-se para contar para muitas ou poucas crianças.

Apesar de convidar o grupo para a hora da história, é possível que nem todos os pequenos queiram tomar parte da atividade. Por isso,  cantos preparados com outros livros ou um jogo de montar são adequados. Ignore as peraltices e conte a historia para os interessados sem perder o fio da meada.

É possível que os “desinteressados” passem a participar observando o interesse do grupo.

Para envolver as crianças no relato você pode:
  • Pedir para que repitam algumas frases marcantes
  • Emitam sons que são parte do enredo: bater à porta, vento, barulhos de animais, cantar músicas, etc.)
  • Convidar a turma a fazer gestos e se mover conforme a cena. Por exemplo, um saci que pula num pé só, um leão feroz com garras, um patinho nadando na lagoa. Um sapo que pula.
  • Numa cena importante causar suspense parando a narrativa e perguntando: o que vocês acham que vai acontecer?

9.  Contar  e recontar

Repetir histórias e cenas queridas favorecem a apropriação, o reconto, a “leitura” e a memorização. Ao longo da semana é importante recontar as histórias preferidas e introduzir os livros novos.



Antes de recontar é possível estimular a oralidade e a organização temporal dos fatos: 

1. Qual a parte que mais gostaram? 

2. De quem vocês mais gostam? De quem não gostam?

3. O que aconteceu com fulano?

Depois de trabalhar com os personagens e os acontecimentos, conte a história novamente! Nessa etapa do desenvolvimento infantil as histórias podem ser recontadas, em média, três vezes por semana.

"Histórias são parte da humanidade. Milenares, são anteriores à escrita. Transmitem os saberes, preservando a cultura e a memórias. Todos nós experimentamos com prazer esses momentos e percebemos o quanto eles contribuem para o conhecimento de mundo, ampliam as possibilidades criativas e desenvolvem as emoções. Histórias são um capitulo fundamental da infância… em quem sabe, de toda a vida!"

Acesso ao artigo original: Blog Tempo de Creche

sábado, 3 de setembro de 2016

A Pequena árvore

Era uma vez uma árvore, no meio de uma floresta. Ela era uma árvore muito pequena, de galhos muito frágeis, mas sonhava ser grande e dar muitos frutos.
O tempo foi passando, seu caule engrossou e suas folhas se multiplicaram. Um belo dia, a árvore perguntou à sua mãe quando é que os frutos viriam.
- Oh! Meu amor! Não somos árvores frutíferas. Somos só assim, mesmo...
A árvore chorou, porque não tinha nada para oferecer. Via as pessoas apanharem frutas de suas companheiras, e até folhas medicinais, enquanto ela vivia ali, parada, inútil.
Ficou tão triste que teve vontade de morrer. Suas folhas, então, foram murchando. Seus galhos começaram a secar. Ela foi ficando cada vez mais curvada, seca,  e, no silêncio de sua dor, ouviu um pássaro piar:
- Pelo amor de Deus, Dona Árvore! Não faça isto. Minha esposa está chocando nossos filhotes, aqui neste seu galho. Se ele cair, que será de nós?
Espantada, a árvore começou a prestar atenção em si mesma. E passou a reparar quanta "gente" morava nela. Tinha uma família de micos-leões. E mais uma casinha de João-de-barro. E mais uns besouros.
Uma orquídea em botão, presa ao seu tronco, sussurrou:
- Espere um pouco mais, pra ver a surpresa que vou fazer-lhe!...
Então ela viu as abelhas que se tinham alojado num vão entre suas raízes, onde fabricavam mel saboroso. E viu uma família de pessoas almoçando à sua sombra.
E só então ela conseguiu ouvir a voz de Deus em seu coração, dizendo:
- Nem todas as árvores têm frutos para dar. Porém algumas, como você, podem ter muito mais a oferecer...
A árvore, com aquele pensamento, recuperou a vontade de viver, ficando saudável em poucos dias. Assim, ela pôde festejar quando os passarinhos nasceram, e a orquídea logo se abriu. Muitas gerações de crianças já construíram casas e balanços em seus galhos firmes e fortes. Esta é uma de suas grandes alegrias! E até hoje ela está lá, dando cada vez mais sombra, sustentando cada vez mais vidas, feliz por ter encontrado sua verdadeira razão de viver.

(RITA FOELKER)