sexta-feira, 12 de julho de 2013

Pedagoga Hospitalar

Classe Hospitalar ajuda na melhoria do tratamento de crianças internadas
Mayara Castilho

Ao longo dos últimos dez anos, crianças que passaram pela internação do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti e, atualmente, do Complexo Hospitalar Ouro Verde, receberam orientação pedagógica, por intermédio do programa de continuidade escolar: Classe Hospitalar, que ajuda os estudantes tanto no desenvolvimento escolar como no tratamento médico.

Denominado Classe Hospitalar, o programa criado a partir de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação de Campinas e o hospital faz parte da modalidade da Educação Especial. O trabalho não é apenas um apoio educacional, mas também um desafio a ser traçado. Os pedagogos trabalham com a continuidade escolar para crianças no período de internação, usando brinquedos, jogos, lápis de cor e livros para compor o material didático utilizado nas tarefas escolares.

Segundo Karin, que atende casos complexos mantidos em unidades de tratamento semi-intensivo no Hospital Mário Gatti, o objetivo é diminuir a ansiedade das crianças durante o tempo em que elas ficam no hospital. "A criança tem receios e medos. As atividades que realizamos minimizam o estresse causado no tratamento ".

As atividades propostas levam em conta o tempo em que as crianças ficam hospitalizadas e a disposição em que elas se encontram. "O conteúdo didático é analisado pelos professores e pode ser aplicado em uma sala preparada para o trabalho pedagógico ou no próprio leito do paciente", explica Karin.

Nicole Aparecida Lopes de Souza, de 9 anos, recebe elogios da pedagoga e se mostra muito atenta às tarefas. Empolgada ao falar sobre o tratamento extra, a paciente se diverte com as atividades, que visivelmente, a deixa mais contente nesse período de internação. "Gosto de muitos jogos, principalmente de memória, montar quebra-cabeças e de ler fábulas. É divertido e me distrai", conta.

Caracterizado para atender as condições dos alunos, o ambiente deixa um ar de sensibilidade e bem estar para os visitantes. Entre as mudanças que ocorreram no decorrer dos anos, estão as plaquinhas que contém a ficha das crianças. Modificadas, agora têm cores e bichinhos e deixam mais alegria e descontração nas salas do hospital.

É possível perceber a diferença que as salas coloridas, os jogos e a sensação de estar numa sala de aula transmite nas crianças do Hospital Mário Gatti. Por meio de Weverton Tiago, 3 anos, vemos que os brinquedos trazem resultados positivos na permanência das crianças. A liberdade para decidir o que quer faz Weverton se sentir em casa para escolher os brinquedos preferidos. "Mãe, quero brincar com o Pula-Pirata", diz o paciente, logo depois de almoçar.

Internações longas

Para os pacientes que moram nos hospitais ou ficam internados durante anos, a equipe pedagógica desenvolve um programa de aulas e conteúdos de acordo com o calendário escolar da Secretaria Municipal de Educação (SME). A legislação brasileira dá o direito de crianças e adolescentes hospitalizados obterem o atendimento pedagógico-educacional.

"Quando a criança não esta matriculada em nenhuma escola, orientamos os pais a procurar a escola mais próxima de sua residência para a reintegração na vida escolar", explicou a coordenadora de Educação Especial da SME, Cláudia Nunes.

No hospital Mário Gatti, o espaço foi montado em 1998 pela Secretaria da Educação em parceria com a Brinquedoteca da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).  A partir de 1990, o projeto Classe Hospitalar passa a ser de responsabilidade exclusiva da SME. Hoje, os pedagogos se empenham para resgatar o que a criança perde enquanto permanece no hospital e evitar qualquer tipo de atraso na aprendizagem.

Pronto-Socorro Infantil

Em 2008, a Classe Hospitalar na Modalidade Brinquedoteca iniciou seu trabalho atuando no Pronto-Socorro Infantil do Mário Gatti. De acordo com a pedagoga Maristela Rodrigues Freitas Martin, no PS Infantil há maior rotatividade e as crianças ficam um período mais curto. "As atividades são lúdicas, realizadas para minimizar o stress da procura emergencial".

Além de Maristela Martin, Sheila Serrano e Suzana de Oliveira Marcondes também integram a equipe de pedagogas da Classe Hospitalar do Pronto-Socorro Infantil do Mário Gatti. No local, são oferecidas várias atividades para pacientes e familiares. A equipe pedagógica realiza todo o trabalho de acolhimento e pedagógico necessário aos pacientes que chegam ao hospital.

"Neste serviço de urgência e emergência, o tempo para as intervenções podem variar de poucas horas a alguns dias, portanto foi necessário que desenvolvêssemos estratégias  próprias a este serviço. Propiciar situações e vivências pedagógicas que dão oportunidade ao aluno/paciente não se distanciar dos conteúdos escolares, é muito utilizado por nós, a oferta pedagógica tem um formato diferenciado, são livretos temáticos, produzidos pela equipe, sempre com a preocupação de incluir atividades para as diferentes faixa etárias e a séries correspondentes que explica inclusive alguns procedimentos pelo quais o paciente irá passar. Além disso, existe a produção de vídeos que familiarizam o paciente sobre o vocabulário médico e rotinas hospitalares", explica Maristela Martin.

Ouro Verde

Cláudia Mara da Silva e Vânia Garbo Soranzo são as pedagogas do Complexo Hospitalar Ouro Verde. Em Campinas, este hospital também trabalha com o processo de continuidade escolar das crianças. Há dois anos o local conta com a Classe Hospitalar. As pedagogas dão, além de exercícios escolares, a atenção necessária aos pacientes e mostram novas chances de recuperação.

Cláudia sempre fica atenta às possibilidades que as crianças possuem de realizar as tarefas. É muito importante que elas estejam motivadas para que haja melhor retorno. "O processo é uma ponte com a vida. Eles sabem que a escola fica lá fora e a continuidade dos estudos dá novas perspectivas, os aproxima da vida", conta.

Ainda segundo a pedagoga, além do material enviado pela escola, que depende do tempo em que o paciente fica internado, há uma ala com brinquedos, que distrai as crianças que permanecem por poucos dias no Complexo. "Esses trabalhos suavizam o tratamento, deixam as crianças mais tranquilas. É um fator de recuperação que faz com que elas se adaptem melhor", explica.

O conteúdo é intercalado e dependente da rotina dos pacientes. Apesar da grande rotatividade, neste mês de novembro de 2010, cerca de 32 crianças fazem parte da Classe Hospitalar no Complexo Hospitalar Ouro Verde e as atividades são realizadas no próprio leito.

"É gratificante e muito positivo perceber o retorno dos pacientes. As crianças que vão embora e por algum motivo, precisam retornar ao Pronto Socorro, nos reconhecem. Já houve casos em que pediram para voltar a ficar conosco, pois se lembram dos brinquedos e das atividades. Além disso, trabalhamos com a orientação sobre a família, para que eles entendam melhor como funciona o processo de recuperação", diz Cláudia.

Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br/noticias-integra.php?id=4372

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