"Imagine que isso é um poço. Um
poço bem fundo. Imagine que você está lá de cima olhando lá para o fundo do
poço. Lá no fundo, você encontrará um autista severo, pouco mais para cima, você
encontrará o autista moderado, se subir mais um pouco encontrará o autista
leve. Quase na borda do poço, está o autista de alto-funcionamento e por cima,
na grande borda, está o asperger e esse sou eu! É exatamente onde eu
estou!"
Legal, né? Na hora que ela me contou, fiquei
bastante admirada e achei muito interessante. Por esse motivo, sempre acabo
compartilhando com as famílias que oriento.
Veja que
explicação simples, ilustrativa e esclarecedora! Eu a uso em quase todos meus
atendimentos.
O autista severo, realmente é um dos
graus mais profundos do autismo, na maioria dos casos, podemos observar um
comprometimento grave nas áreas da independência, da comunicação verbal e até
mesmo não verbal, na área do desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem. O
comportamento freqüentemente necessita ser estimulado, são crianças que
costumam ser mais passivo com pouca iniciativa, o olhar é extremamente distante
e pouco direcionado a pessoas e objetos. Não possuem muito interesse por
brinquedos, atividades e até mesmo em fazer amigos. Estereotipias motoras freqüentemente
são emitidas. Acredito que a característica mais marcante seja o grau de
dependência que esse indivíduo terá de seus cuidadores e familiares.
Entretanto, apesar das dificuldades serem mais acentuadas, todas podem ser
trabalhadas e desenvolvidas em terapia, não é que a criança muda de um grau
para o outro, mas ela passa a apresentar em menor frequência os comportamentos
disfuncionais e passar a estar mais contingente ao que está acontecendo ao seu
redor. Algumas habilidades, após exposição a treinos e orientações
comportamentais, passam a ser adquiridas e esse indivíduo passa a ter mais
qualidade de vida em seu dia-a-dia.
O autista moderado comporta-se de
maneira muito semelhante ao severo, entretanto algumas estereotipias verbais
passam a ser mais observadas, comportamentos espontâneos surgem em alguns
momentos e a criança consegue demonstrar de alguma forma seu interesse. O
contato visual, é um pouco mais direcionado, pode haver hiperatividade ou
distúrbio do sono e restrição alimentar. Faz uso disfuncional de objetos e
brinquedos, possuí dificuldade para compreender conteúdos abstratos. A
dependência que terá de seus cuidadores é também algo muito marcante, porém o
treino e a exposição a procedimentos terapêuticos, irá sempre contribuir para a
aquisição de novas habilidades e maior qualidade de vida.
Os autistas leves possuíram uma
facilidade maior para aceitar os procedimentos terapêuticos e costumam responder
melhor a terapia comportamental. A velocidade a qual aparecem as novas
habilidades aprendidas, freqüentemente são maiores do que nos dois graus
anteriores. A dependência também é algo mais tranqüilo e quase sempre se tornam
adultos independentes, necessitando apenas de algumas adaptações para terem uma
vida quase igual a de uma pessoa sem autismo. Se estimulado desde criança, pode
desenvolver a fala, talvez um pouco mais restrita, mas nada que o impeça de se
comunicar com outras pessoas. O desinteresse social, ainda é bastante
observado, assim como a dificuldade com os conteúdos abstratos. Costumam levar
as coisas no sentido literal, possuem rotinas e até alguns rituais. ( Ex;
separar brinquedos por cores, alinhar carrinhos e etc...)
Os autismos de altos funcionamentos e
os autismos do tipo asperger, merecem por si um único post de cada. Mas de
forma mais geral, podemos relatar que são pessoas independentes, que geralmente
falam, trabalham e se comunicam muito bem. São bastante distintos um do outro e
prometo fazer um post especial para eles, explicando melhor e os diferenciando
com mais detalhes.
Gostaria de salientar que para todos
os graus de autismo, o atendimento terapêutico e médico são essenciais. ( Fono,
Psico, Psicopedagogo, Psiquiatria e Neurologista)
Como terapeuta, acredito sim na melhora de todos os pacientes acredita que toda
a pessoa do mundo tem condições de serem melhores do que já são e certamente
com os nossos meninos, a conversa é mesma. A antecedência ao início das
terapias, a dedicação dos pais e cuidadores, bem como o envolvimento de toda a
sociedade é fundamental para o bom desenvolvimento de cada criança.
Mais um ponto importante de salientar, é que de forma alguma quis generalizar e
dizer que todos os autistas são iguais, apenas trouxe as características que
costumamos observar em cada grau e muito brevemente sobre como costumam se
comportar.
Cada pessoa tem um jeito único e singular de ser, pensar e sentir. Apenas,
trouxe um pouco mais de informações e dados para discutirmos e analisarmos
juntos.
O sucesso existe para todos, e
acredite, está a seu alcance o tempo todo. Basta você querer alcança-lo.
Paz, amor e muita luz a todos. Um abraço, meus queridos! By Marcos Cunha
Fonte: autismojundiai.blogspot.com.br/2014/02/os-graus-de-autismo.html