sábado, 29 de março de 2014

Finá de Ato *

Finá de ato*

Adispôs de tanto amor
De tanto cheiro cheiroso
De tanto beijo gostoso, nós briguemos.
Foi uma briga fatá; eu disse: cabou-se!
Ele disse: cabou-se!
E nós dois fiquemos mudo, sem vontade de falá.

Xinguemos, sim, nós xinguemos.
Como se pode axingá:
― Ô, mandinga de sapo seco!
― Ô baba de cururu!
― Tu fica no Norte
Que eu vô pro Sul.

Não quero te ver nem pintado de carvão
Lá no fundo do quintá
E se eu contigo sonhar
Acordo e rezo o Creio em Deus Pai
Pru modi não sem assombrá.

É... O Brasil é muito grande
Bem pode nos separá!
Eu engoli um salúcio
Ele, engoliu bem uns quatro.
Larguemo o pé pelo mato
Passou-se tanto tempo
Que nem é bom recordar...

Onti, nós si encontremus
Nenhum tentô disfaçá
Eu parti pra riba dele
Cum um fogo aceso nu oiá
Que se num fosse um cabra de osso
Tava aqui dois pedaço.

Foi tanto cheiro cheiroso...
Foi tanto beijo gostoso...
Antonce nós si alembremos
O Brasil... é tão pequeno
Nem pode nos separá!

* Texto original de autor desconhecido. Adaptação de Gertrudes da Silva Jimenez Vargas.

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